Um dia depois de o governo de Minas ter decretado situação de emergência em saúde diante da pandemia causada pelo novo coronavírus, cresce a preocupação no estado com relação à COVID-19. A Secretaria de Estado de Saúde confirmou ontem mais dois casos de contágio em território mineiro, ambos importados, em pacientes de Juiz de Fora, na Zona da Mata, e Patrocínio, no Alto Paranaíba. Com isso, o total de diagnósticos positivos no estado subiu de dois para quatro. Duas mulheres infectadas, em Ipatinga, no Vale do Rio Doce, e Divinópolis, no Centro-Oeste mineiro, já faziam parte da lista. O paciente de Juiz de Fora tem 65 anos e histórico de viagem para a Itália. Com viagem para o mesmo destino, a paciente de Patrocínio tem 37 e está em quarentena domiciliar. Os casos suspeitos caíram de 307 para 297, 115 deles em BH.
Com o avanço da doença, eventos começaram a ser cancelados em sequência, órgãos públicos alteraram a rotina de atendimentos e instituições de ensino já suspendem aulas ou fazem recomendações especiais à comunidade escolar. Uma das principais armas, diante de um avanço que se anuncia inevitável e de um mal para o qual ainda não há vacina ou tratamento, é a informação. Com essa preocupação, o Estado de Minas entrevistou o infectologista Carlos Starling, diretor da Sociedade Mineira de Infectologia, e publica a seguir, também com base em cartilha do Centro de Operações de Emergência em Saúde do estado e conselhos de outros profissionais, uma série de recomendações para evitar o risco de contágio em situações do dia a dia.
O que fazer em casa
* A limpeza de todos os cômodos dificulta a transmissão da COVID-19. É recomendável fazer a higienização de pisos e banheiros duas vezes ao dia, com água sanitária diluída em água. A utilização de álcool 70% por todas as superfícies também é recomendada.
* Garantir que os ambientes estejam arejados, com janelas e portas abertas, dificulta a proliferação do vírus. Caso algum morador apresente sintomas de gripe, é importante que faça uso de máscaras e evite o contato com outros moradores, principalmente idosos. Nesses casos, toalhas de rosto, talheres, entre outros objetos, devem ser individualizados.
* A letalidade do coronavírus em idosos com mais de 80 anos e outras doenças diagnosticadas é de cerca de 15%. Por isso, cuidados com pessoas nessa faixa etária precisam ser redobrados. Eles devem ser vacinados contra o vírus da influenza e pneumococos, já que a vacinação auxilia os profissionais de saúde a descartar outras possibilidades na triagem, acelerando o diagnóstico.
No trabalho
* Caso o funcionário apresente sintomas de gripe, a recomendação é que exerça a função em regime de home office (trabalho em casa), pelo menos até o desaparecimento dos sintomas. A indicação se estende a funções que possam ser mais facilmente desempenhadas a distância.
* Para quem continua a trabalhar em ambientes de uso coletivo, o conselho é manter uma “distância social” de dois metros entre as pessoas.
* Corrimões, catracas, elevadores ou quaisquer objetos ou superfícies compartilhados devem ser limpos com álcool 70%, assim como as mãos, após tocarem esses locais.
Nas Instituições de ensino
* A Secretaria de Estado da Educação elaborou cartilha sobre os cuidados com o coronavírus e a distribuiu para toda a rede. O infectologista Carlos Starling acredita que em breve todas as instituições de ensino poderão suspender as aulas, medida já adotada no Rio de Janeiro.
* O representante da Sociedade Mineira de Infectologia recomenda que escolas e universidades suspendam a realização de eventos para evitar a aglomeração de pessoas.
* Profissionais de saúde recomendam cuidado especial com bebedouros, que podem se tornar fonte de disseminação do vírus. Há escolas que já suspenderam o uso do equipamento. A recomendação é que cada aluno leve sua própria água.
Em locais de uso coletivo
* O infectologista Carlos Starling recomenda que as pessoas evitem frequentar espaços públicos fechados e com grandes aglomerações, como shows, boates, cinemas e teatros. Segundo ele, lugares abertos são mais desejáveis no atual momento.
* Em academias, os instrumentos devem ser limpos com álcool a 70%. Outra medida é evitar contato físico desnecessário. “Não é o momento para que as pessoas se cumprimentem, é hora de evitar três beijinhos e apertos de mão”, afirma Starling.
* O Centro de Operações de Emergência em Saúde do estado recomenda suspender ou adiar, quando possível, eventos de massa ou atividades que tenham público superior a 100 pessoas. Preferir eventos com transmissão virtual ou em locais abertos.
No Transporte público
* No transporte coletivo, Carlos Starling recomenda que janelas de ônibus sejam mantidas abertas quando possível. Outra alternativa é que as pessoas procurem se sentar afastadas umas das outras e que evitem tocar em superfícies do ambiente.
* Logo após deixar o veículo, é importante fazer a higienização das mãos com álcool a 70%.
* Em caso de aplicativos de transporte ou táxis, a recomendação é que o motorista se proteja e use máscara. Também é aconselhável limpar o carro com álcool a 70% entre as corridas e reforçar a higienização, caso algum passageiro apresente sintoma como tosse durante o trajeto.
Em todos os locais
*Lave as mãos com água e sabão com maior frequência que de costume
*Use álcool em gel sempre que possível
*Não toque nos olhos, boca e nariz sem higienizar as mãos
*Não compartilhe dormitórios, alimentos, bebidas ou utensílios
*Tome cuidado ao tossir ou espirrar, cobrindo sempre a boca com lenço de papel
*Jogue o lenço no lixo após o uso e realize a higienização das mãos
*Quando não houver lenço disponível, proteja a boca com a parte interna do cotovelo, nunca com as mãos
*Em caso de sintomas de gripe, evite circular em grandes aglomerações ou locais fechados. Caso seja realmente necessário sair de casa, use máscara
*Saiba que as máscaras perdem a efetividade com aproximadamente duas horas de uso
*Idosos, doentes crônicos e imunossuprimidos devem evitar sair de casa
* Evite, suspenda ou adie viagens para locais com casos de COVID-19
* Pessoas que estejam regressando do exterior devem ser afastadas do trabalho por um período de sete dias, quando possível
* Estabelecimentos com circulação de pessoas, como restaurantes ou farmácias, devem ofertar álcool em gel
* Em caso de sintomas de doença respiratória, procure atendimento médico
* Busque informações em fontes oficiais. Não dissemine notícias falsas ou de origem duvidosa
Fontes: Infectologista Carlos Starling, diretor da Sociedade Mineira de Infectologia/ Centro de Operações de Emergência em Saúde/Profissionais de saúde
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