Um casal da cidade de Ponta Grossa, no interior do Paraná, assumiu, em entrevista à coluna de Mônica Bergamo na Folha, a identidade do perfil Sleeping Giants Brasil. Após sete meses em atividade nas redes sociais, expondo empresas que anunciam em sites de fake news, Leonardo de Carvalho Leal e Mayara Stelle se mostraram ao mundo e colocaram por terra teorias da conspiração.
Jovens, os dois têm 22 anos, cursam direito na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), vivem do auxílio emergencial oferecido pelo governo por causa da pandemia do novo coronavírus e, segundo eles, não recebem nada pelo trabalho.
O Sleeping Giants
Leonardo era motorista de Uber até que teve o carro batido no início do ano. Já Mayara autava como vendedora de maquiagens, mas a covid-19 fez com os salões de beleza de Ponta Grossa fossem fechados.
O Sleeping Giants nasceu nos Estados Unidos, desmonetizando o site de extrema-direita de Steve Bannon, chefe da campanha vitoriosa de Donald Trump em 2016. Lendo sobre o assunto para o trabalho de conclusão de curso da faculdade, Leonardo e Mayara resolveram abrir o Sleeping Giants Brasil numa manhã de maio de 2020. Horas depois já tinham 20 mil seguidores e foram oficializados como representantes brasileiros dos Sleeping Giants pelo criador do perfil americano, Matt Rivitz.
Mesmo depois da revelação, detratores se negaram a acreditar que o casal fosse o responsável por tamanho estrago nos sites da extrema-direita. Chegaram a colocar #OrangeGiants nos assuntos mais comentados do Twitter.
“É triste isso, de não acharem que pessoas normais possam fazer algo legal”, disse Mayara à coluna de Mônica Bergamo. Ela e seu namorado estão em São Paulo, preparados para passar até 60 dias na cidade, até que considerem seguro voltar à sua cidade natal, Ponta Grossa. Desde a publicação da entrevista online, eles têm recebido ameaças de morte.
O Jornal da Cidade Online foi o primeiro alvo do Sleeping Giantes. O site sofreu a retirada de 250 empresas, cada uma exposta publicamente pelo Sleeping Giants Brasil por anunciar ali. Até hoje, eles calculam ter retirado de três sites de notícias e dois canais o equivalente a R$ 1,5 milhão.
Segundo o casal, 700 empresas já seguiram seus alertas e retiraram os anúncios de sites duvidosos. O SGB tem 410 mil seguidores no Twitter e 170 mil no Instagram. “A gente não olha se o site é de esquerda ou de direita. Infelizmente, sabemos que o discurso de ódio está presente em todos os espectros políticos. O que acontece é que, nesse momento, não dá para negar que a extrema direita tem um alcance de desinformação muito maior que a esquerda”, diz Mayara em entrevista à Folha.
Fonte: Hypeness
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