O IBGE abriu nesta terça-feira (23) as inscrições do processo seletivo para contratar 181.898 recenseadores que vão trabalhar na coleta de informações do Censo Demográfico 2021. Também foi disponibilizado um simulador online em que os candidatos podem calcular a remuneração, já que o profissional receberá por produção. As inscrições podem ser feitas no site do Cebraspe, empresa organizadora da seleção, enquanto o simulador está disponível no hotsite do Censo 2021.
As inscrições para recenseador vão até 19 de março, e o candidato deve ter nível fundamental completo. Há vagas em 5.297 municípios do país. No ato da inscrição, o candidato poderá escolher a área de trabalho e em qual cidade realizará a prova. A taxa de inscrição é de R$ 25,77 e prova será aplicada no dia 25 de abril.
Os recenseadores são os profissionais que visitarão todos os domicílios do país, entrevistando seus moradores. Como eles são remunerados por produtividade, o IBGE preparou um simulador online, que calcula quanto o profissional vai receber de acordo com a quantidade de residências visitadas e pessoas recenseadas, considerando ainda a taxa de remuneração de cada setor censitário, o tipo de questionário preenchido (básico ou amostra) e o registro no controle da coleta de dados. A jornada de trabalho recomendável para os recenseadores é de, no mínimo, 25 horas semanais.
Para estimar a remuneração, basta informar o município e quantidade de horas que pretende dedicar ao trabalho. O coordenador de Recursos Humanos do IBGE, Bruno Malheiros, explica que a taxa de remuneração varia por diversos fatores, entre eles, o acesso ao setor censitário, que é o local onde estão localizados os domicílios visitados.
“Por exemplo, um recenseador que atua numa área urbana tem mais facilidade de locomoção do que um recenseador que for visitar domicílios em uma comunidade ribeirinha isolada”, explica Bruno Malheiros. “Quanto mais domicílios visitar e pessoas entrevistar, maior a remuneração. O recenseador pode trabalhar em qualquer horário, especialmente naqueles em que pode encontrar os moradores em casa, incluindo finais de semana e feriados”, acrescenta.
Usando o simulador, o candidato pode verificar, por exemplo, que um recenseador que optar por trabalhar no município de Carauari, em plena Floresta Amazônica, onde só se chega de barco ou avião, pode receber remuneração mensal média de R$ 1.853,12, cumprindo jornada de 25 horas semanais. Já na cidade mais populosa do país, São Paulo, um recenseador que cumpre a mesma carga horária pode receber R$ 1.629,76 por mês.
“Trabalhar como recenseador ajuda a conhecer o Brasil profundo”
Os mais de 180 mil recenseadores que vão às ruas a partir de agosto terão a oportunidade de conhecer um Brasil nem sempre visto, conta Ruan Passos, que trabalhou como recenseador no Censo Demográfico de 2010. Seis anos depois, ele retornou ao Instituto, após ser aprovado em outro concurso público para servidores efetivos. Passos, hoje com 30 anos, trabalha na Unidade Estadual do IBGE, em Salvador, na Bahia.
“Durante o Censo daquele ano, eu tive a oportunidade de entrevistar pessoas que viviam em casas de alto padrão e moradores de localidades muito pobres. Tive contato direto com as contradições do país, pude conhecer o Brasil profundo, e guardo essas histórias com muito carinho”, relembrou.
À época, Ruan era estudante de Direito na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Vindo do Recôncavo Baiano, ele viu no processo seletivo do Censo 2010 uma oportunidade de reforçar o orçamento e desenvolver outras competências. Mas nem tudo foi fácil. O recenseador teve que ser persistente e, às vezes, criativo.
“Eu vivi situações muito inusitadas, como ser chamado para almoçar ou ver a vista que o morador tinha da varanda. Mas também tive dificuldades para entrevistar outros moradores. Em um prédio luxuoso da cidade, onde vivem moradores famosos, tive que conseguir o apoio do administrador do condomínio para realizar as entrevistas. Eu cheguei a escrever uma cartinha para cada morador, contando minha história, para obter as entrevistas”, recorda.
Para Ruan, trabalhar como recenseador é uma ótima oportunidade para quem busca uma renda ou está começando a carreira. “O recenseador tem horário flexível, o que me permitiu adequar o trabalho com minha rotina. Você desenvolve diversas habilidades pessoais e profissionais. A remuneração também é bastante atrativa quando você faz um bom número de entrevistas”, recomenda o ex-recenseador.
Inscrições para mais 22 mil vagas de agentes censitários também estão abertas
O outro processo seletivo para Censo 2021, que vai contratar 16.959 agentes censitários supervisores (ACS) e 5.450 agentes censitários municipais (ACM), continua com as inscrições abertas até 15 de março. Os interessados devem se inscrever no site do Cebraspe. A taxa é de R$ 39,49 e os candidatos precisam ter nível médio completo. O salário para ACM é R$ 2.100 e ACS R$ 1.700, com jornada de 40 horas semanais, sendo oito horas diárias.
Essas duas funções estão no mesmo processo seletivo. Os mais bem colocados em cada município ocuparão a vaga de ACM, que será o responsável pela coordenação da coleta do Censo 2021 naquela cidade. Além do salário, ACM e ACS terão direito a auxílio-alimentação, auxílio-transporte, auxílio pré-escola, férias e 13º salário proporcionais, de acordo com a legislação em vigor e conforme o estabelecido no edital.
As provas para ACM e ACS serão aplicadas no dia 18 de abril. Os candidatos para essas funções farão prova objetiva de caráter eliminatório e classificatório, com 10 questões de Língua Portuguesa, 10 questões de Raciocínio Lógico Quantitativo, 5 questões de Ética no Serviço Público, 15 questões de Noções de Administração / Situações Gerenciais e 20 questões de Conhecimentos Técnicos. O conteúdo programático está disponível no edital.
As provas para ACM, ACS e recenseador terão duração de quatro horas e serão aplicadas no turno da tarde. Os gabaritos preliminares serão divulgados no dia seguinte a aplicação das provas, a partir das 19 horas, no site do Cebraspe. O resultado final está previsto para 27 de maio.
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