Uma suposta vítima do religioso teria sido abusada quando tinha 8 anos de idade em uma Igreja Católica
Após a denúncia de três mulheres, no dia 26 de outubro deste ano, já chega a 14 o número total de possíveis vítimas de assédios e importunação sexual por um padre de Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Na noite desta sexta-feira (12), o delegado responsável pela investigação, Pedro Henrique Cunha, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher do município, concedeu entrevista a veículos da imprensa.
Em conversa com o portal local Noticiando Santa Luzia, o delegado explicou que, das possíveis vítimas, 11 mulheres já prestaram depoimento, sendo que uma parte delas foi assediada no ambiente religioso e a outra no ambiente profissional, já que o padre também é dono de um tradicional colégio do bairro São Benedito.
"Existem ainda três vítimas que fizeram contato com a PC, mas que ainda não compareceram. Estamos aguardando e faremos os contatos com elas. Ao longo das próximas semanas, ainda serão ouvidas testemunhas e possíveis vítimas", explicou Cunha.
Questionado pelo portal de notícias local, o delegado lembrou que o padre denunciado já constituiu advogados nos autos e se colocou à disposição para prestar o depoimento. "Vamos deixar para colher o depoimento do suspeito por último, depois de ouvirmos todas as vítimas. Mas ele demonstrou interesse em colaborar com a polícia", disse o policial.
Durante a entrevista, o delegado confirmou ainda que investigadores da PC já estiveram na escola e paróquia fazendo diligências, mas que não há qualquer pedido de busca e apreensão feito pela delegacia.
Apelo
O delegado Pedro Henrique Cunha aproveitou para apelar às possíveis vítimas de abusos, não somente desde caso em específico, que procurem a Delegacia de Mulheres.
"Qualquer abuso, mesmo que sofrido na infância. Saiba que as portas da PC estarão sempre abertas. Mas, nesse caso em específico, pedimos que qualquer uma que se sentiu vitimada que nos procure. Em decorrência da Covid, temos a possibilidade de colher o depoimento por telefone, desde que a gente confira os dados da pessoa", completou o policial.
O padre é investigado por assédio sexual e importunação sexual, crimes que rendem, respectivamente, 2 e 5 anos de detenção. Entretanto, na Justiça, normalmente é analisada a quantidade de crimes praticados, sendo que, para cada vítima, é considerado um crime.
Os assédios
O advogado Tiago Lenoir, que representa parte das vítimas, contou que uma das mulheres, de 28 anos, foi abusada aos 15 anos. Além disso, uma idosa também formalizou a denúncia de assédio.
“Acreditamos na celeridade das investigações da Delegacia de Polícia Civil de Proteção às Mulheres de Santa Luzia e do Ministério Público”, afirma.
A reportagem teve acesso ainda aos relatos de duas da vítimas, que indicaram que os assédios aconteciam tanto dentro do colégio do padre como na própria paróquia.
Uma das vítimas, que trabalhava na escola desde 2017, conta que os assédios começaram após a pandemia, quando o suspeito passou a oferecer uma ajuda financeira de R$ 50 para a jovem. Ele exigia que ela recebesse o valor pessoalmente, em sua sala.
"Ele retirava a máscara de proteção do rosto dela, forçando beijos de língua e afirmando que queria ser um 'pai para ela', que gostava muito dela, que ficava em casa e 'pensava nela' e que 'marcaria com a representante para que ela fosse na casa dele'", detalha a denúncia apresentada à PC.
No dia (9), a Arquidiocese de Belo Horizonte anunciou que, "em respeito à dignidade de cada pessoa", a Cúria Metropolitana decidiu afastar o sacerdote até que o processo legal seja concluído.
"Desde que tomou ciência das denúncias, a Arquidiocese de Belo Horizonte procurou agir com rapidez, mas com prudência, se inteirando do processo, em diálogo com as instâncias oficiais, o que exige respeito a prazos de instituições e agentes do direito", diz o texto.
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