Em menos de um mês de circulação em Minas Gerais, a variante ômicron deve se tornar a principal responsável pela transmissão da Covid-19 no estado antes mesmo do final de janeiro. A previsão é do secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, que concedeu entrevista coletiva à imprensa nesta quinta-feira (6). Os três primeiros casos confirmados da cepa pelas autoridades sanitárias foram em 17 de dezembro. Vinte dias depois, Minas soma 167 casos oficiais, em 22 municípios

O contexto reforça os estudos que já indicavam o alto potencial de contaminação da ômicron desde os primeiros registros no continente africano. Se comparada com a evolução da delta, que também têm transmissão veloz, a variante só se tornou preponderante no Estado em novembro de 2021, pouco mais de três meses após os primeiros registros. Neste cenário, a expectativa é de que o estado vivencie uma nova onda de diagnósticos de Covid-19 nas próximas semanas. 

A aposta de Baccheretti, no entanto, é de que a elevação na transmissão não represente uma ampliação no número de mortes por Covid em Minas. “A nossa expectativa é de que no mês de janeiro vamos atingir um aumento vertiginoso, exponencial, de casos novos de ômicron. A delta é passado para a gente. A ômicron vai causar uma onda de muitos casos, mas a expectativa é de que tenhamos pronto atendimentos cheios, mas a internação em [Centros de Tratamento Intensivo] CTI não seja tão grande quanto em março e abril do ano passado”, detalhou.

A previsão epidemiológica, inclusive, traz reflexos à população como a necessidade de manutenção do uso de máscaras. A retirada da obrigatoriedade da proteção facial chegou a ser aventada pelo Executivo para o final do ano passado, mas os planos foram alterados com o avanço da ômicron. “Não existe previsão de retirada da máscara. É obrigatório e fundamental o uso porque a ômicron transmite muito rapidamente. Sem a máscara teremos uma população inteira doente”, alerta o secretário. 

Subnotificação 

Mas, para o presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, Flávio Fonseca, o cenário é mais grave do que os números oficiais apontam. Para ele, os sintomas mais leves da ômicron, semelhantes a de gripes e resfriados, podem estar inibindo a testagem pela população. “Eu acho que estamos vivendo, desde que temos insumos e testes, o período de maior subnotificação. A doença vem mais branda, principalmente em vacinados, e muitas pessoas não procuram o teste”, avalia. 

Fonseca ainda reforça que há discussões sobre a eficácia do teste antígeno para detectar casos positivos de Covid, relacionados com a ômicron, pela possibilidade de falsos negativos. “A pessoa pode ter um teste negativo e, mesmo com sintomas, continua circulando e transmitindo o vírus”, observa. 

Carnaval descartado em partes 

Durante a entrevista coletiva, o secretário Fábio Baccheretti também destacou que o estado não vai apoiar a realização de eventos de rua. Anteriormente, o Executivo chegou a prever um protocolo para a realização dos desfiles de blocos nas cidades. “Quando se discutia Carnaval em novembro não tinha ômicron. Neste momento, não dá nem para pensar e não vamos incentivar nenhuma aglomeração. Carnaval de rua, de aglomeração não vai acontecer e não será incentivado no Estado”, explicou o secretário. 

No entanto, o chefe da pasta da saúde em Minas disse que eventos particulares poderão ocorrer, desde que respeitados os protocolos do programa Minas Consciente. “Temos nosso protocolo de eventos que estabelece quais critérios deverão ser feitos”, observou. Em Belo Horizonte, de acordo com a prefeitura, as festas particulares também estão mantidas, até o momento, conforme as orientações do comitê de enfrentamento à Covid.

Não vacinados têm mais chance de morrer

Pessoas que não tomaram as duas doses da vacina contra a Covid-19 têm até 11 vezes mais chance de morrer pela doença em relação a quem completou o esquema vacinal, segundo estudo da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG). Para quem tomou apenas uma aplicação, o risco de morte é duas vezes maior do que em não imunizados.


Fonte: Jornal O Tempo