José Carlos Pereira é também dono de dois colégios e de uma faculdade na cidade. Pelo menos 11 mulheres registraram ocorrência contra ele.

A Polícia Civil de Minas Gerais indiciou o padre José Carlos Pereira, em Santa Luzia, na Grande BH, por importunação sexual e assédio, contra pelo menos 11 mulheres.

O padre é dono de dois colégios e de uma faculdade na cidade.

O inquérito policial foi concluído pela corporação na quinta-feira (28). De acordo com a Polícia Civil, o indiciamento do padre foi já remetido ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).

No entanto, o MPMG, disse que ainda não recebeu a denúncia.

Religioso chegou a ser empossado na Academia Luziense de Letras

RELEMBRE O CASO:

O homem foi apontado, em outubro do ano passado, por mulheres que trabalharam na instituição de ensino em que ele é dono. As vítimas contaram que o padre chegou a beijá-las à força. Uma vítima disse que o religioso sempre se aproximava às sextas-feiras com alguma forma de assédio ou importunação.

Uma outra vítima, que chegou a ser batizada pelo padre quando ainda criança e que também estudou no colégio dele, contou que sempre percebeu falas de mau gosto, porém os abusos físicos começaram depois. Ela trabalhou na escola por cinco anos.

Desde o ano passado, o padre José Carlos Pereira foi afastado das funções religiosas. Na época a Arquidiocese de Belo Horizonte informou que, em respeito à dignidade de cada pessoa, a Cúria Metropolitana decidiu pelo afastamento do sacerdote.

Falou ainda que, desde que tomou conhecimento das denúncias, "procurou agir com rapidez, mas com prudência, se inteirando do processo, em diálogo com as instâncias oficiais, o que exige respeito a prazos de instituições e agentes do direito. Dialogou também com o sacerdote e com a comunidade paroquial".

Em nota, a Arquidiocese disse, na tarde desta sexta-feira (29) que "a Cúria Metropolitana de Belo Horizonte lembra que o padre José Carlos Pereira está afastado das funções sacerdotais até que seja concluído o processo de investigação das denúncias". Informou ainda que, "além do processo civil, a Igreja vem, adequadamente, conduzindo o processo canônico, em busca da verdade e da justiça".

Denúncias

No dia 11 de novembro de 2021, o g1 Minas mostrou que havia subido para 11 o número de vítimas que denunciam o padre José Carlos Pereira, suspeito de importunação sexual e assédio sexual, em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. No dia 5 de novembro, cinco mulheres haviam procurado a polícia.

Elas prestaram depoimento na manhã do dia 11 de novembro na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher da cidade.

Os depoimentos começaram por volta das 9h e várias vítimas se reconheceram na delegacia, da época que frequentavam a igreja. Elas ficaram surpresas de terem passado por abusos parecidos e sofrido sozinhas, em silêncio.

À época, a TV Globo ouviu uma mulher, vítima do padre, que falou da importância de registrar a denúncia.

"Representa um senso de justiça. Eu estando aqui formalizando esta denúncia, representa justiça por mim e por todas essas novas vítimas que já apareceram e que vão aparecer ainda, com certeza", disse uma das vítimas à TV Globo.

Ela contou também que começou a ser assediada no início da adolescência.

"Quando eu tinha por volta de 12, 13 anos, eu trabalhava na casa paroquial. E ele na época ainda não era padre. E ele chegava perto da gente, ficava abraçando, escorregava a mão pelo seio. E muitas vezes, eu tirava a mão dele. Mas depois, eu comecei a achar estranho. No início, eu achava que era acidente. Depois, eu comecei a ficar desconfortável e, por fim, eu comecei a segurar a mão dele. Eu trabalhei na casa paroquial por uns três meses e saí de lá", relatou.

Uma outra vítima, que também prestou queixa contra o padre, contou que está sendo difícil reviver o trauma, que marcou para sempre sua vida.

"A gente frequentou a igreja a vida inteira. E ele, com o tempo, mesmo a gente mais nova, ele tinha a mania de sempre sentar a gente no colo, ficar fazendo carinho. A mão deslizava pra onde não devia. Isso era um abuso. Só que as pessoas têm medo de denunciar, de falar alguma coisa, até de morrer", contou.

O que disse a Polícia Civil à época

Leia a nota na íntegra:

"Em relação ao crime de importunação e assédio sexual, supostamente, cometido por um pároco, em Santa Luzia, a PCMG informa que o inquérito policial instaurado tramita, sob sigilo, na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher do município. A PCMG esclarece que, até o momento, 11 vítimas foram ouvidas, e os trabalhos seguem em andamento. Mais informações serão prestadas em momento oportuno".


Fonte: G1