Chefes de Gabinete em Santa Luzia chegam a ganhar mais que um engenheiro, maioria não tem nem a escolaridade básica exigida para o cargo

Por Daniel Carlos

A função do Chefe de gabinete de um vereador é uma das mais importantes atribuições no trabalho Legislativo. Este profissional presta apoio e assessoramento técnico e administrativo direto e imediato ao vereador no desempenho de suas atribuições, além de coordenar e também organizar as atividades administrativas, operacionais e institucionais do gabinete. Um profissional deste garbo deve ter noções de execução orçamentária, especialização em administração pública e ou gestão, planejamento estratégico, gestão de pessoas e na maioria dos casos ter ocupado função de assessoramento na Administração Pública. A maioria deveria ter curso superior na area de Administração. Deveria!

A atualidade na Câmara Municipal de Santa Luzia passa muito, mas muito longe desta realidade. Poucos são os Chefes de Gabinete com formação na área. O que se encontra são profissionais formados em "Boa Vontade", "Fidelidade" e "Jogo de cintura no cenário político". Talvez isto explique a dependência dos vereadores no trabalho do executivo (em mostrar obras que não são suas, "surfar na onda" para entregar alguma realização). Mesmo sem formação alguma (há Chefes de gabinete sem ao menos o segundo grau completo), alguns chegam a ter vencimentos que chegam aos impressionantes R$ 8,448,00. Salário maior que de um Engenheiro de carreira. 

Apenas Lelei do Salão e Ilacir Bicalho (este pelo segundo mandato) pagam o salário Médio de um administrador, que gira em torno de R$ 3.388,68. Ambos o fazem para poder empregar mais pessoas em seus gabinetes (vai lá saber o porque né), haja vista que em média, cada vereador pode "torrar" R$ 22.000,00 em vencimentos de gabinete. Apesar de pagar o valor que deveria ser "justo", os vereadores só o fizeram para aumentar o número de vagas. 

Negócios em Família

Ele é um servidor público e sua função é gerir, administrar bem os recursos que tem. É necessário ter um mínimo de ética e moralidade para usar bem o dinheiro público. Este dinheiro não é dele para ficar distribuindo entre seus amigos e parentes ou cabos eleitorais. Infelizmente é isto que estamos vendo no legislativo luziense, Vereadores que usam dos recursos públicos para empregar amigos, "chapas", parentes e aliados políticos em vez de pessoas qualificadas para exercer as funções as quais são designadas. Não quer dizer que porque existe a disposição destes recursos, é obrigatório usa-lo em sua totalidade. Em nome da moralidade, seria muito mais nobre, que estes recursos fossem revertidos em ações em prol da cidade. Que os vereadores Tivessem uma cota dentro da realidade do mercado. Empregar um parente, muitas vezes semi-analfabeto como Chefe de gabinete ou mesmo um amigo, cabo eleitoral ou uma pessoa sem qualificação, unicamente porque pode gastar cerca de R$ 22 mil, beira a imoralidade. O que se vê na casa legislativa, é um ambiente trabalhado para o nepotismo. Onde o dinheiro público é tratado como moeda de troca ou mesmo para enriquecimento ilícito (ou licito). Muitos vereadores entram com uma mão na frente e outra atrás e saem tapando os bolsos com tantos recursos. Há alguns anos, a frota da casa legislativa foi renovada e cada parlamentar foi agraciado com um veículo. Neylor cabral, recebeu um carro adaptado (já que é deficiente físico) para prestar "serviços" pela cidade e usava o recurso para fazer campanha para o ex prefeito. O mesmo ocorre com parlamentares desta gestão: Usam os recursos públicos para publicizar a prefeitura, quando deveriam fiscalizar. 

É uma situação crônica de descontrole da coisa pública. Praticamente todos os vereadores da atual gestão, são subservientes da prefeitura. Os poucos debates que acontecem na casa legislativa são pautados por ideologias políticas. Quando um parlamentar resolve (meio que por milagre) exercer seu papel de fiscalizador e pede "vistas" a um projeto do executivo, quando este apresenta inconsistências, é achacoalhado e perseguido pelos demais, como se a casa legislativa fosse um anexo da prefeitura e não a representante da população.

Confira abaixo os impressionantes vencimentos dos chefes de gabinetes indicados pelos vereadores de Santa Luzia:

Denise Marlene do Nascimento - Salário de  R$ 8.448,00 (indicada pelo Vereador Cristiano Matos)

Glacyus Rodrigues Caldeira - Salário de R$ 6.336,00 (indicado pelo Vereador Du do Salão)

Crislaine Vidal Lopes - Salário de R$ 7.040,00 (indicada pelo Vereador Glayson Johnny)

Sara Rodrigues Caldas Oliveira - Salário de R$ 7.392,00 (indicada pelo Vereador Henry Santos)

Luciane Cristine Mendes de Souza - Salário R$ 6.336,00 (indicada por Ivo Melo)

Patricia Aparecida Mesquita - Salário R$ 8.448,00 (indicada por Junin do Lau)

Isabela Gomes Vieira Schettini - Salário R$ 6.336,00 (indicada por Lelei da Auto Escola)

Elisabeth Soares Dutra - Salário R$ 6.688,00 (indicada por Luiza do Hospital)

Ermilon Augusto da Silva Júnior - Salário 7.040,00 (indicado pelo vereador Nandinho)

Breno Starli Alves - Salário de R$ 7.040,00 (indicado por Paulo Bigodinho)

Glauco Rodrigues de Souza - Salário R$ 7.040,00 (indicado por Paulo Cabeção)

Daniel Emiliano do Nascimento - Salário de R$ 6.336,00 (indicado por Paulo Pretão)

Helder Brum de Carvalho - Salário de R$ 6.336,00 (indicado por Waguinho)

Wallace Jonathas Bandeira - Salário de R$ 4.928,00 (indicado por Wander Carvalho).

Euler da Silva Miranda  - Salário R$ 3.520,00 (indicado por André Leite)

Carlos Aparecido da Lomba Pedro - Salário R$ 3.872,00 (indicado por Ilacir Bicalho)

Polliana Fernandes Decothe - Salário R$ 3.520,00 (indicada por lelei do Salão)

Apesar dos vencimentos serem estipulados pelos parlamentares e suas equipes, estes salários, ou a maioria deles destoa muito da realidade do mercado. A título de comparação, O salário médio de um Administrador no Brasil (que é a formação mínima exigida a um chefe de gabinete parlamentar) é de R$ 3.388,68. Nenhum dos vereadores de Santa Luzia paga este valor  seus subordinados. Os menores vencimentos foram distribuídos nos gabinetes dos vereadores Du do salão, André leite e Ilacir Bicalho. Nos três casos, os parlamentares reduziram os salários para poder empregar mais pessoas e não para reduzir os gastos. Muitos dos nomes, são velhos conhecidos da política Luziense e poucos tem a formação necessária para o cargo que ocupam. É definitivamente uma farra com dinheiro público, haja vista que a maioria dos empregados dos vereadores servem ao parlamentar e não à cidade (como deveria ser  - Já dizia o 'Mandaloriano'). 

O salário Pago pelos vereadores a seus "parças", equivale ao vencimento da maioria dos Médicos que atuam nos hospitais públicos do Brasil. Também estão nesta lista Gerentes dos mais diversos setores, desenvolvedores, Economistas, Engenheiros, todos com formação Superior na área que atuam. Nenhum deles assume a vaga por afinidade política ou por ser parente do empregador. 


Daniel Carlos é  Pós graduado em ciência política pela Unicamp