Grupos de professores e pais de alunos tem se mobilizado nas redes sociais em busca de soluções para o 'calote' imposto pela prefeitura à educação da cidade.

Segundo o sindicato Sinproluz, a educação de santa luzia ficou paralisada devido a inércia do poder público: "Prefeito pastor Sérgio, esperou até o último dia para cumprir uma decisão judicial em que foi comprovado os vínculos de trabalho ilegais entre servidores e a administração pública. Em decorrência de tal descalabro, agora os profissionais de educação terão que repor tais dias, comprometendo férias e folgas, grande parte deste “tempo de descanso” destinado ao planejamento de atividades, uma vez que o município, ilegalmente, não dá o devido tempo de planejamento, garantido pela lei federal nº 11.738 de 2008". Ainda segundo o sindicato, os professores da educação de Santa Luzia não podem adoecer, do contrário terá o dia cortado: "Continuando a retaliação da prefeitura para com os profissionais da educação, em especial os professores, tais servidores não podem adoecer, pois se for apresentado um atestado médico no dia de alguma data de reposição o docente enfermo terá o dia cortado, pois o tal documento que é amparado por lei não será aceito". 

Segundo Isabelli, um dos profissionais da rede pública da cidade, os dados enviados pelo executivo ao tribunal de contas é inconsistente e que as argumentações do prefeito não batem com as atitudes pregadas pela pasta da educação; "A prefeitura tem enviado dados inconsistentes inclusive para o Tribunal de contas. Após dizer que já havia gasto mais de 50 por cento com a folha, dobrou o número de comissionados alegando gastar cerca de 47". A servidora revela que a paralisação "parcial" dos professores é também pela transparência no processo: "É também pela transparência com os dados solicitados e até agora não apresentados. A verba vem sendo recebida, é federal. A materialidade do município é quase inexistente. Quem leciona em duas redes (como eu) fica estarrecido com a precariedade e a complementação de materiais por parte do corpo docente". Isabelli revelou que Santa Luzia é o único município da RMBH que não cumpre com a leia do 1/3 de jornada e que os profissionais estão sobre-carrecados, já que não há reposições nos quadros: "O município é único da região metropolitana que não cumpre com a lei do 1/3 de jornada. Estamos sobrecarregados. Eu por exemplo, fico horas do sábado ou domingo preparando atividades, planejamentos, e este horário deveria acontecer dentro da escola, há uma lei que respalda e o não cumprimento, acarreta no adoecimento. Existe um trabalho imenso sendo carregado para os nossos lares e não deveria ser assim".

Segundo André, outro profissional, a Prefeitura não paga o piso aos professores. "Ela não paga, temos uma carreira e a carreira é a complementação do piso,  o salário inicial na carreira é pago de forma proporcional,  o que não deveria ser, pois no município não tem carga horária de 40 horas,  mas mesmo de forma proporcional o valor do piso deveria ser de R$2652,33, mas hoje eles pagam R$2440,83. A lei determinou um reajuste de 14,95%, eles deram 5,79% ,ou seja, estamos recebendo abaixo do piso nacional da Educação". O Professor argumenta que a Prefeitura quer pagar vencimentos de ensino médio a profissionais com ensino superior "É mentira!  A prefeitura não paga o piso! E o piso é para professor com magistério (ensino médio). A prefeitura quer pagar como ensino médio aos professores que tem ensino superior (3° grau). Muitos inclusive com pós graduação, mestrado e doutorado!". 

O Impasse com a categoria é antigo. Desde a exoneração de mais de 1.500 servidores por contratos irregulares (a grande maioria de conhecimento e omissão da gestão), o sindicato (que foi criado para defender direitos da categoria) tem lutado por melhorias. O órgão denuncia que os salários dos servidores tem atrasado (sem aviso) e que o executivo não tem recebido seus representantes ao reivindicar direitos:

Pais e Prestadores de serviço ignoram as manifestações dos profissionais da educação

Pais e prestadores de serviço, no caso proprietários de vans escolares, se mobilizaram em um grupo no Whatsapp para impedir que professores e profissionais da educação se organizem com a redução de aulas. Segundo o usuário "Escolar num zap", o formato de manifestação dos professores está impactando em suas receitas e reclamou da bagunça na mobilização "Eu como transportador escolar , o formato da greve está impactando muito na nossa receita . Então como o sindicato ou associação dos profissionais da educação não nos procurou antes para ver um melhor formato dessa redução de horários e que tá uma bagunça . Se a manifestação for para ir para a porta desse sindicato ou associação dos profissionais da educação . Estou a disposição e ainda levo todos os pais que tiverem insatisfeitos com a ação desastrosa do sindicato . Acabamos de sair de uma pandemia e daí falam que se proucupam com o ensino das crianças.........não é o que vemos na prática"

Ignorando a manifestação dos professores, o escolar mostrou como exemplo a nota emitida pela prefeitura revelando que o executivo paga acima do piso "Peço que leiam, Pois recebi essa nota. E de verdade nela fala que a prefeitura paga o piso acima . Então de verdade não sei como anda essas coisas . Mais com certeza aqui no grupo deve ter alguma  professora da rede municipal. Para que pudesse nos esclarecer os fatos ...."

Já Joaquim Duarte, profissional da educação, esclareceu que os professores não pararam em nenhum momento e a reivindicação da categoria visa apenas que o executivo pague o piso que é determinado por lei "A gente lamenta muito, pois todos nós somos sacrificados, ninguém queria isso, tanto que sempre que foi repassado os reajuste do piso, nós em momento algum chegamos a parar por isso, estamos sempre dispostos a fazer melhor. Basta a prefeitura cumprir a lei, o reajuste do piso é anunciado no final de dezembro e em janeiro já tem que ser pago,  mas infelizmente alguns não cumpri a lei. A culpa não é nossa".

O Escolar retrucou a afirmação do profissional dizendo que apesar de legitima a manifestação, esta não deve ser direcionada aos pais e aos alunos "essa é uma reivindicação justa e devida. Porém não é punindo o aluno que vai se resolver o assunto. Não se trata de questionar, e sim de negociar. É devido, tem que ser cumprido, mas a que preço para alunos e transportadores escolares, os únicos prejudicados com essa verdadeira greve branca?"

Já a usuária Sandra saiu em defesa dos professores dizendo que a manifestação não trata somente de salários "Gente escutem tbm oq os professores tem a dizer. Essa paralisação não foi só por salário, foi revindicando coisas que estão faltando para os nossos filhos. E essa redução foi uma maneira das crianças não saírem prejudicados, vcs sabiam que muitas escolas estão sem alguns professores desde a dispensa deles pela ordem judicial?  Sabia que a prefeitura está colocando várias crianças com laudos onde exigem um profissional de apoio pra cada com um apoio só? Sabiam que em algumas escolas está faltando material pra impressão de atividades e algumas está faltando coisas do cardápio da merenda? Esse protesto deles não é só por eles, e por um ensino de qualidade pros nossos filhos. Sou mãe de crianças TEA e essa redução tem impactado o dia a dia dos meus filhos. Mas como vou contra profissionais que desde que meus filhos entraram só nos acolheram e nos ajudaram, e sempre foram transparentes comigo em relação a tudo oq acontece na escola.  Meu filho está na rede municipal a 7 anos e nunca vi algo assim, como está acontecendo nesse último ano". Completa.

Manifestação pelo fim das paralisações

Membros do grupo "associação de pais e mães de escolas municipais de santa luzia" se mobilizam para convocar a imprensa para uma manifestação em local ainda não definido, pedindo para que a redução nas aulas não mais ocorra. Moderadores do grupo revelam que as demandas devem ser enviadas ao Conselho Tutelar e a pasta da educação para que medidas sejam tomadas. 

O grande problema desta "organização" é que as demandas devem servir de argumento do executivo para diluir o movimento dos professores e ganhar fôlego e tempo para cumprir o que determina a lei. São pais com a melhor das intenções ajudando um governo conhecido por inúmeros calotes e dar mais um na categoria, que custou décadas para garantir direitos, que hoje lhe são tirados.