O presidente da Fiemg (Federação das Indústrias de Minas Gerais), Flávio Roscoe, defende o isolamento somente de idosos por conta da pandemia da Covid-19 e afirma que uma parcela da população precisa ser infectada para a crise do coronavírus passar. As declarações foram feitas em áudio enviado a membros da entidade.
Na gravação de pouco mais de três minutos, Flávio afirma que uma “crise de dimensão nunca vista” está por vir após a pandemia do novo coronavírus. Segundo ele, “fome, recessão e desemprego também matam”.
Diagnosticado há uma semana com coronavírus depois de integrar a comitiva do presidente Jair Bolsonaro em viagem aos Estados Unidos, Flávio é contra os decretos de governadores e prefeitos sobre o não funcionamento de indústrias por conta da enfermidade.
“Tenho visto nos últimos dias medidas cerceando atividades econômicas, cerceando as indústrias, inclusive sendo apoiadas por setores industriais. Infelizmente, entendo que esta é uma posição equivocada. Começarei a defender agora posição de que temos de voltar à normalidade”, diz em um dos trechos.
O presidente da Fiemg justifica o posicionamento dizendo que na China a população até 50 anos não é atingida pelo vírus. “Na China, entre 0 e 10 anos não teve uma criança que foi a óbito”, afirmou.
A OMS (Organização Mundial de Saúde), no entanto, já informou o registro de mortes de crianças por conta da Covid-19 no mundo. A entidade não informou as localidades dos óbitos.
Contágio na população
Roscoe não vê necessidade de todas as pessoas ficarem em quarentena e defende que isso aconteça somente com os idosos. O presidente defende afirma que as medidas tomadas por chefes dos Executivos municipal e estadual são “insensatas”.
“O que temos de fazer neste momento é isolar os mais velhos e tentar tocar a vida o mais normal possível. Infelizmente, governadores, prefeitos, movidos pela demanda popular e da imprensa, estão tomando medidas insensatas, medidas que têm efeito nocivo na economia, que não sabemos calcular ou dimensionar. E que, depois do estrago feito, vai ser tarde demais. Sei que é uma posição que vai contra muito do que tenho ouvido aí”, afirma.
Para a “crise do vírus” passar Flávio acredita ser necessário que “uma parcela significativa da população tem que ser contagiada”, conforme disse no áudio.
Procurada pelo portal Bhaz para repercutir o áudio circulado, a Fiemg enviou uma entrevista concedida por Flávio sobre a Covid-19.
O presidente da entidade defendeu o fechamento de locais com aglomerações de pessoas, mas afirmou, mais uma vez, ser favorável ao funcionamento de indústrias, desde que medidas para “mitigar o contágio” aconteçam, como troca de turno em horários espaçados e a disponibilização de álcool em gel para os funcionários.
“A indústria gera produtos para a sociedade consumir. Tenho defendido que a indústria seja preservada”, disse.
Leia a íntegra do áudio
“
Caros presidentes, no decreto acima o governo do Estado corrige uma situação que vinha acontecendo em vários municípios mineiros, onde os prefeitos estão cerceando as atividades, principalmente de indústrias, e de indústrias de alimentação. As indústrias de alimentação estão protegidas agora. Os prefeitos estão impedidos de fazer isso. O decreto ainda não foi publicado, mas será publicado hoje no Diário Oficial.
Eu tenho visto, nos últimos dias, várias medidas de prefeitos cerceando a atividade econômica, das indústrias, inclusive sendo apoiados por setores industriais. Infelizmente, eu entendo que essa é uma posição equivocada. Eu irei começar a defender agora uma posição de que nós temos que voltar à normalidade. A população até 50 anos não é atingida pelo vírus. Na China, entre zero e 10 anos não se teve uma criança sequer que foi a óbito. De 10 a 40 anos o índice é de dois para 1.000. Ou seja, e esses dois provavelmente tinham problemas de saúde mais graves.
O que nós vamos ter é uma crise de dimensões nunca antes vistas e que, com certeza, terão um efeito sob a vida das pessoas até pior do que o vírus, com efeitos cruéis de mortalidade porque fome, desemprego e recessão também matam. Infelizmente, eu vejo uma fobia geral da sociedade. O que nós temos que fazer nesse momento é realmente isolar os mais velhos e tentar tocar a vida o mais normal possível.
Infelizmente os políticos, os governadores, os prefeitos, movidos ali do calor popular, da demanda popular, da demanda da imprensa, estão tomando medidas que eu considero insensatas, medidas que têm um efeito nocivo na economia que nós não sabemos calcular nem dimensionar. E, que depois do estrago feito, vai ser tarde demais. Eu sei que essa é uma posição que vai contra muito do que a gente tem ouvido aí. O isolamento é necessário, mas acontece que a crise só passa quando boa parte da população for contagiada. Então, uma parcela significativa da população tem que ser contagiada de fato, porque é assim que vai passar a crise do vírus. E 85%, inclusive, é assintomático, como eu, que nem sente nada, só uma tossezinha.
Então, eu vou me posicionar de uma maneira clara, a partir de agora, e quero ouvir vocês. E vou me posicionar de que devemos, sim, limitar a saída de pessoas a partir de certa idade, devemos voltar a abertura do comércio porque, sem o comércio tá aberto, não adianta ter indústria. Nós devemos solicitar que as pessoas acima de 60 anos tenham restrição para sair de casa, mas só esse grupo. E para restrição com convívio familiar. Essa é minha opinião e quero ouvir a opinião dos senhores. Grande abraço".
Fontes:
BHAZ, ESTADO DE MINAS, O TEMPO
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