A prática de colocar as resoluções no papel já virou um hábito para muitos, e algumas ações simples podem ajudar a concretizar os planos.

Mesmo aqueles que relutam em aderir ao hábito de escrever as resoluções para o ano novo certamente não escapam de mentalmente estabelecerem ao menos uma meta ou traçar um plano – que seja uma viagem de férias, caso a pandemia de fato arrefeça.

O simbolismo da virada no calendário acaba sendo um estímulo para tomar decisões – o lado ruim é que a constatação do não cumprimento delas, o que geralmente ocorre em dezembro, pode fazer com que a pessoa encerre o ano com uma boa dose de frustração. 

Para a psicóloga clínica Fabiana Alcântara Santos da Conceição, a maior parte das pessoas se perde no momento de colocar uma meta em prática por esperar que o ânimo para realizá-la apareça como num passe de mágica. “Ledo engano. A empolgação na elaboração de um projeto, no primeiro dia do emprego ou em definir metas para um novo ano, hora ou outra vai embora, o que é esperado”, adverte ela.

Dito isto, Fabiana entende que o mais importante é efetivamente agir, partir para a prática. “Toda meta sem ação não passa de um desejo. Portanto, rompa com a ideia de que haverá um momento ideal para começar a atividade física, para citar um exemplo. Apenas comece do jeito que puder”, aconselha. “Em vez de pensar em ir à academia cinco vezes por semana, e ficar lá por duas horas, se proponha a dar uma volta no quarteirão duas vezes por semana”.

Um outro ponto importante, salienta, é ter a meta bem especificada. “Pode parecer óbvio, mas a maior parte das pessoas não faz isso, o que acaba dificultando que ela saia do papel”. Um exemplo: “Uma meta ampla seria ‘fazer atividade física’. Especificá-la é definir qual atividade, quando e como fazê-la”, pondera ela.

É muito importante também, acrescenta a psicóloga, que a meta seja algo que tenha um motivo genuíno para ser colocada em prática. “Ela precisa ser de fato relevante para você. Por último, defina prazos, o tempo que você pretende levar para alcançar tal objetivo”.

E se, ao fim do ano, a meta não tiver sido cumprida? “Veja, a pandemia tirou das pessoas a sensação de controle ou a certeza de algo que traz a elas segurança. Aliás, espero que tenha ficado evidente que jamais teremos 100% de certeza ou controle sobre nada. Para quem compreendeu, mudar a forma de colocar as metas em prática foi e será menos doloroso”.

Entretanto, ela acredita que, com o retorno próximo do dito ‘normal’, as pessoas vão se sentir mais seguras para retomar de onde pararam. “Certamente antigas e novas metas estão neste momento fervilhando em muitos planners”.

Generosidade consigo. Na agenda da estudante Helena de Las Casas Barbosa, com certeza estão. Aos 23 anos, ela não se lembra exatamente quando começou a colocar suas metas no papel. “Sei que desde a adolescência, eu e minhas amigas tínhamos caderninhos no qual anotávamos tudo, acho que começou por meio disso”, localiza. 

Coincidentemente, tal como Fabiana orienta, mais recentemente ela passou a projetar, além das metas anuais, pequenos passos com um prazo menor para garantir que a resolução seja concluída. E Helena jura que não se culpa caso as de maior envergadura não sejam plenamente cumpridas. “Procuro ser generosa comigo, tentar entender o que não deu certo e, se aquela meta ainda fizer sentido para o próximo ano, parto para redesenhá-la”. De todo jeito, Helena afiança que suas resoluções tendem a ser simples. “Costumo revisitar o ano e pensar em coisas que estão faltando ou que melhorariam o meu dia a dia para o que está vindo. Além disso, tento sempre pensar no que vai depender só de mim para ser feito”, conclui.


Fonte: O Tempo