Em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), o imponente Solar da Baronesa, na Rua Direita, no Centro Histórico, faz belo contraste com o céu, agora, azulado num janeiro de tantas chuvas. No melhor estilo “quem vê cara não vê coração”. O sobrado que foi residência, colégio, sede da prefeitura municipal, esteve na mira de ser o Museu da Mulher Mineira e, recentemente, sediava a Secretaria Municipal de Cultura, encontra-se vazio.

Dá tristeza ver a construção do século 19 sem atividade, inerte, com portas fechadas e algumas bandeiras de janelas que balançam ao vento. “O Solar da Baronesa é testemunha da escravidão, da arte, das relações sociais e de muitos outros fatos históricos. O médico Márcio de Castro Silva (1931-2015), ex-presidente da Associação Cultural Comunitária de Santa Luzia, dizia que o casarão guarda o DNA da nossa cidade”, diz o atual dirigente da entidade, Adalberto Andrade Mateus.


O Solar da Baronesa foi a principal referência do arraial de Santa Luzia no século 19. “Quando os viajantes europeus aqui chegavam, apresentavam suas credenciais aos barões luzienses. Perder a edificação por falta de ação será um fracasso após tantas lutas pela preservação do patrimônio cultural local. Em 2006, a Associação Cultural Comunitária de Santa Luzia entregou o prédio completamente restaurado à comunidade, após o investimento superior a R$ 1 milhão”, completa Adalberto Mateus.

Na mesma rua, distante cerca de 400 metros, na Praça da Matriz, há um exemplo positivo de preservação. Trata-se da obra de restauração em andamento (estrutura e cobertura) do Solar Teixeira da Costa/Casa da Cultura-Museu Aurélio Dolabella, imóvel com tombamento federal, estadual e municipal.

"Perder a edificação por falta de ação será um fracasso após tantas lutas pela preservação do patrimônio cultural local"

A Prefeitura de Santa Luzia informou que a intervenção no imóvel, todo cercado com tapumes, vai durar dois anos e meio, com recursos do município. A primeira etapa, que inclui reforço estrutural, custará R$ 2,1 milhões e a execução deve se estender por nove meses.

Segundo a Prefeitura de Santa Luzia, o Solar da Baronesa está em fase de licitação. Em nota, as autoridades informam que “o projeto aprovado, neste momento, no Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha) e no Conselho Municipal de Cultura, é o escoramento estrutural”.


Fonte: Correio Braziliense