Antigamente, a instituição disponibiliza transporte particular para os alunos mas precisou cancelar o serviço por falta de verba

Com a melhora dos índices de contágio do Covid-19, as aulas presenciais já voltaram na Grande BH, mas nem todo aluno está frequentando as aulas. É o caso de alguns estudantes do APAE de Santa Luzia, que não tem transporte para se deslocarem até a escola. 

Antes do início da pandemia, a APAE financiava um carro particular que fazia a condução das crianças. Entretanto, com o aumento dos preços do transporte, a instituição cancelou o serviço alegando não ter condições financeiras. Agora, diversos estudantes pararam de frequentar as aulas por não terem como se deslocar até a instituição. 

É o caso do filho da Cátia Ramos Pinheiro, quem sofre com paralisia cerebral. Sem condições de arcar com um transporte particular, o adolescente de 15 anos não frequenta mais as aulas. Agora, a família, que passa por dificuldades financeiras, tem medo de perder o benefício concedido pelo Governo Federal, que exige que as crianças frequentem a escola com regularidade. 

No caso do benefício, a escola disse que nós não corremos o risco de perder, mas eu já fui comunicada que perde sim porque precisa constar a presença do meu filho nas aulas, quando a gente vai fazer a renovação do Loas [benefício socio assistencial pago pelo INSS]”, explicou Cátia, que precisou deixar o emprego para poder cuidar do filho. Atualmente, o marido dela está desempregado, o que faz com que a família dependa ainda mais do benefício da União.

De acordo com Cátia, as famílias dos alunos do APAE foram comunicados durante as férias escolares que não haveria mais a disponibilização do transporte gratuito: “A comunicação foi feita através de uma reunião com os pais antes das férias, que era pra gente levar eles por conta própria ou por ônibus, ou Uber, ou arrumar algum transporte escolar. Porque a secretaria da educação estava cobrando a presença deles”.

Além da dificuldade financeira, a localização da instituição também é um problema para as famílias. Cátia explica que não existe nenhum transporte escolar ou ônibus que passe na porta da escola o que complica a situação dos alunos tem dificuldade de locomoção. "Ônibus não passa na porta da escola e a rua é de difícil acesso. A rua não é asfaltada, ela é calçada e cheia de defeitos”, conta. 

Com a impossibilidade de frequentarem a instituição, os alunos sentem falta da rotina. O filho de Cátia aguarda ansiosamente pela volta às aulas: “Ele sente muita falta, quase todo dia pergunta se vai pra escola. Tem dia que ele ficou muito inquieto, na expectativa de voltar para a escola”.

Em nota enviada à Imprensa, a Secretaria Municipal de Educação de Santa Luzia informou que a prefeitura não tem nenhum envolvimento nessa situação, e orientou que a nossa reportagem questionasse a APAE. A instituição, por sua vez, alega não tem condições financeiras para pagar o transporte particular.


Fonte: Rádio Itatiaia